Invadindo o Território Masculino
Por estar finalmente escrevendo a minha monografia, estou um pouco mais ocupada do que de costume, lendo somente livros técnicos referentes ao meu tema: A Representação da Mulher Jornalista em Seriados de TV. De qualquer jeito, tive que pesquisar bastante sobre a Mulher Jornalista tanto no Brasil como nos Estados Unidos.
Mas como eu vou fazer a resenha desse livro em questão, Mulher Jornalistas - A Grande Invasão que fala das primeiras mulheres jornalistas do Brasil das décadas de 40, 50 e 60, só vou enfatizar sobre as jornalistas brasileiras daquelas décadas.
Regina Helena de Paiva Ramos, autora do livro, fala com milhares de jornalistas que conheceu e trabalhou quando estava começando sua carreira também,depois que se formou na faculdade Cásper Líbero em São Paulo. Aliás, uma das primeiras faculdade de jornalismo do país a aceitarem mulheres.
O livro mostra o perfil de diferentes mulheres que precisaram driblar preconceitos e estereótipos machistas para poderem chegar onde chegaram. Brigar muito para não serem jogadas nos suplementos femininos (casa, culinária, moda, maquiagem etc) e poder ter o direito de escrever sobre assuntos sérios antes destinados somente a homens como economia, política e até esportes.
Entre as perfiladas, destaque especial para Margarida Izar que foi a primeira repórter do Brasil e primeira mulher na redação de um jornal. Patricia Galvão, a Pagu a primeira jornalista a ser presa por motivos políticos. Ela foi presa 23 vezes e tem filmes, poemas e livros dedicados a ela. Maria Lucia Fragata foi barrada na porta do Jornal da Tarde por ser mulher. O porteiro a vetou de entrar simplesmente porque "No Jornal da Tarde não trabalham mulheres". Ela foi a primeira mulher a trabalhar lá.
Todas as mulheres citadas no livro mencionam como foi lidar a carreira de jornalista sem hora para voltar para casa com a vida de casada e a criação dos filhos. Também contam como algumas delas precisaram desistir da carreira por conta da família enquanto que outras não chegaram a formar uma família por conta de sua profissão.
Ainda precisaram lidar com o machismo da época com homens que não as levavam a sério por serem mulheres, aguentando ainda cantadas de figuras importantes como políticos além de terem que pedir a seus editores que eram sim capazes de escrever uma matéria bem feita.
Enfim, o livro foi lançado no Dia Internacional da Mulher desse ano e conta com o pioneirismo das primeiras mulheres jornalistas do país. Uma ótima dica de leitura para estudantes de jornalismo e jornalistas já na profissão.
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