A quarta entrevista com os escritores fantásticas realizada por mim para a matéria do O Estado RJ é com a escritora Nazareth Fonseca, autora da série Alma e Sangue.
Para você como e quando aconteceu esse "boom" da literatura fantástica?
Não sei dizer precisamente, porque quem já lia Stephen King, Clive Barker, Neil Gaiman, Anne Rice e Jim Butcher já conhecia literatura fantástica. Mas o cinema contribuiu muito com o aumento do interesse do público nacional sobre o tema. Tivemos o Senhor dos Anéis, Harry Potter, Narnia, Coração de Tinta e chegamos à saga Crepúsculo. Daí em diante o mercado se abriu para livros nacionais, mas bem antes disso já tínhamos publicações nacionais se firmando no mercado como Giulia Moon, Kizzy Ysatis, Eric Novello, Martha Argel eu mesma. Risos. Faltava somente o leitor acreditar, e ele acreditou e fez o escritor nacional ser visto, afinal ele já existia.
O vampiro ficou mais popular entre adolescentes quando foi romantizado na saga "Crepúsculo". Como você vê isso?
Teve o lado positivo, o vampiro ganhou uma nova roupagem, fugiu do clássico, mas não agradou a todos. O sucesso entre adolescentes e adultos é inegável, mas atualmente já se percebe parte desse público migrar para outras séries e até mesmo brincar com esse novo vampiro, que seduziu tantas pessoas que sequer gostavam do gênero. Ver o vampiro de um modo tão humanizado, se rendendo as regras humanas, evitando o sangue, contendo seus instintos primordiais de vampiro, foi contra tudo que se conhecia desde 1897 quando o romance Drácula de Bram Stoker definiu a imagem do vampiro. Ou mesmo o vampiro Roqueiro de Anne Rice, que se mostrava livre de quaisquer escrúpulos, um ser que era imortal e adora seus poderes e o sangue. O interessante é que toda essa efervescência em torno do tema fez muitos procurarem outros livros e descobrir outros tipos de vampiro.
Quais tipos de personagem te atraem mais escrever e por quê?
Tenho um fraco por personagens femininos sejam mortais, vampiros, lobos, demônios, fantasmas ou bruxos. Gosto de entrar na intimidade deles e descobrir os pontos fortes e fracos, os erros e acertos. Claro, escrever sobre seu próprio sexo parece confortável, mas prefiro me distanciar de injeções de minhas preferências num personagem. Ele será mais atraente para mim se eu não o conhecer. Kara Ramos, a protagonista da série Alma e Sangue, foi uma descoberta a cada página. Teimosa, frágil, errática, apaixonada, furiosa, guerreira. Mulher montanha Russa, mas em crescimento, buscando seu lugar num mundo de vampiros. Saindo do clichê da mocinha que sempre é salva e nunca luta.
Cite seus personagens fantásticos favoritos da literatura ou cinema.
A lista é grande,mas vou citar alguns exemplos, Lestat – Anne Rice,O vampire Lestat, Dorian Gray, O Retrato de Dorian Gray- Oscar Wilde, Armando- Eric Novello Neon Azul, Jane Eyre, Charlotte Brontë, Scarlett O'hara, Margaret Mitchell, O Pistoleiro,Sthephen King. Cinema, Conan, O Bárbaro, Spock de Star Treck, A Mulher Gato, Muitos mesmo.
Na sua opinião você acha que a literatura fantástica ajuda a formar novos leitores? Por que?
Sim, a literatura fantástica tem o dom de pegar o leitor logo nas primeiras paginas. A fantasia é inerente ao ser humano, ela está presente desde a infância quando somos bombardeados por contos de fadas, Papai Noel, o Bicho Papão. Crescemos e descobrimos que não existe príncipe encantado, que Papai Noel é seu pai, e que Peter Pan é um adulto que não quer crescer. O jeito é apelar para a fantasia nela ainda encontramos nossos monstros queridos e os heróis, as mocinhas. A aventura numa ilha cheia de piratas. A maior prova disso é que no cinema as luzes são apagadas, assim podemos entrar na história e nos ocultar do julgamento de quem esta do lado, mas o certo é que pagamos para a fantasia continuar.
Você já sofreu algum tipo de preconceito por escrever esse gênero literário? Como foi?
Já, mas eu acho que todo preconceito vem de falta de informação, as pessoas preconceituosas são extremamente fechadas e de certo modo incultas. Claro, há ressalvas, a falta de conhecimento provoca o medo do novo, o estranhamento e o preconceito. Quando comecei a escrever sobre vampiros, ouvi escritores comentarem que era um gênero menor, marginalizado. Ouvi várias vezes que deveria procurar Jesus, que vampiros eram coisa do diabo e coisas do gênero. É fácil acusar o diabo de quase tudo, difícil é assumir que ele é só uma desculpa.
Qual o perfil dos seus personagens? Eles são mais assustadores ou românticos?
Tenho muitos personagens, mas acho que todos têm algo em comum, eles estão lutando por algo seja poder, amor, paixão, sexo ou um trono. Há os trágicos, maquiavélicos, alguns são assustadores, cruéis e sim tenho alguns bastante românticos e apaixonados.
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