terça-feira, 18 de outubro de 2011

Fala Sério, Thalita! (Matéria)


Fala Sério, Thalita!

A escritora carioca Thalita Rebouças, sensação na Bienal do Rio de 2011 entre os adolescentes, fala sobre a carreira

Louise Duarte
Thalita Rebouças se denomina uma escritora animada. Isso porque em suas milhares de passagens  por bienais e eventos literários, ela conseguia animar os lugares e chamar a atenção dos leitores, se auto promovendo para ajudar na venda de seus livros. Engraçada e divertida, a autora subia em cadeiras, distribuía pirulitos e usava a cara de pau, graças a anos de teatro, para se fazer notar pelo público presente.


Depois de mais de um milhão de livros vendidos, com títulos traduzidos inclusive para Portugal, e com várias obras adaptadas para o cinema e o teatro, e também utilizadas em escolas, ela nos conta um pouco sobre como é participar da Bienal do Livro, como tudo começou há dez anos, quando ninguém a conhecia, e sobre seus projetos literários.






O Estado RJ: A sua presença na Bienal do Livro deste ano certamente foi uma das mais concorridas da feira. Como você se sente sempre que participa desse tipo de evento?

Thalita Rebouças: Bienal é sempre uma festa. As bienais marcaram muito a minha carreira e é impossível não me emocionar lembrando tudo o que aconteceu desde a primeira vez que pisei no Bienal do Rio de 2001. Um filme passa pela minha cabeça.  Dez anos atrás, em pleno Riocentro, descobri que não precisava ficar apenas esperando os leitores surgirem na minha frente e subi em uma cadeira para chamar a atenção para o meu livro. Deu muito certo e mudou minha vida!  Na Bienal do Rio deste ano, no mesmo lugar onde um tempo atrás ninguém me conhecia, vi uma multidão de leitores esperando horas na fila por um autógrafo, gritando o meu nome, levando cartazes e tanto carinho! O meu coração fica agitado e os meus olhos se enchem de água em muitos momentos, mas deixo para chorar tudo quando chego em casa! (risos)

O Estado RJ: Qual foi o momento mais marcante para você durante a Bienal deste ano?


Thalita Rebouças: Foi a homenagem que meu fã-clube fez durante o Conexão Jovem, evento oficial da Bienal do qual participei. Ao fim do bate-papo, eles contaram com a colaboração da plateia e fizeram um mosaico com letras que formavam uma das minhas frases preferidas, do escritor Jean Cocteau: "Não sabendo que era impossível, foi lá e fez". Chorei litros na frente de todo mundo. 

O Estado RJ: Fale um pouco sobre a série “Fala Sério” e o novo livro da série “Fala Sério Filha”.


Thalita Rebouças: Tudo começou em 2004 com o Fala Sério, Mãe!. Queria prender a atenção de pré-adolescentes e adolescentes e lembrei que crônicas me fisgaram quando eu tinha meus 13, 14 anos. Fiquei viciada em Veríssimo, Sabino e João Ubaldo nessa época. Resolvi, então, escrever crônicas sobre o cotidiano dos adolescentes para atraí-los para o hábito da leitura. A repercussão do livro foi tão bacana que na Bienal do Rio de 2005, pela primeira vez, um livro meu chegou à lista dos mais vendidos.


Eu me lembro até hoje da empolgação da minha editora chegando ao stand com o jornal aberto! Foi emocionante. Então, vieram os outros. Acho que se dependesse das minhas leitoras a série não acabaria nunca. Recebo pedidos de inúmeros Fala Sério! Já me pediram até para escrever Fala Sério, Cachorrinho! (risos). O Fala Sério, Filha! - A Vingança dos Pais é um pedido que os pais me fazem há muitos anos e finalmente consegui atender. Meu relacionamento como os pais é o melhor possível. A maioria das mães faz questão de também tirar fotos comigo, para desespero das filhas que, claro, acham isso um mico. (risos). O livro já está pronto e será lançado em novembro. Desta vez a Malu é que vai ouvir muito "fala sério!". (risos)

O Estado RJ: Você parou de trabalhar como jornalista para se dedicar exclusivamente à literatura ou ainda faz trabalhos voltados para a sua área de formação?

Thalita Rebouças: Sim. Desde que decidi viver de literatura abandonei o jornalismo. Pude exercitar meu lado repórter em quadros que tive na TV (o Fala Sério, Vídeo Show! e o EE de Bolsa, no Esporte Espetacular). É uma carreira linda. Se os livros um dia pararem de vender eu volto para as redações muito feliz! (risos)

O Estado RJ: Qual é a sensação de ter seus livros transformados em filmes e em peças de teatro?  
 

Thalita Rebouças: É bacana. Sinal de que o trabalho está dando certo, está sendo reconhecido… Estou distante das adaptações, mas espero que as montagens e os filmes mantenham a essência dos livros. 

O Estado RJ: Fale um pouco da sua campanha “Ler É Bacana”.

Thalita Rebouças: Criei a campanha para que os adolescentes perdessem a implicância com os livros e percebessem que o hábito da leitura é maravilhoso! Quero fazer com que eles entendam que livro é a melhor companhia. Por isso levo sempre os broches ´Ler É Bacana´  junto comigo quando vou autografar!

 O Estado RJ: Como foi o seu encontro com Meg Cabot na Bienal de 2009?
 

Thalita Rebouças: A Meg é uma… fofa! (risos). Ela é engraçada, gentil e estava muito empolgada com o tratamento de pop star que recebeu por aqui. Tiramos fotos juntas e ela colocou meu broche ´Ler É Bacana´ no peito. 

 O Estado RJ: Fale sobre a sua participação na Bienal de Pernambuco neste final de semana.

Thalita Rebouças: A Bienal de Pernambuco foi linda! Auditório lotado, gente sentada no chão, gente em pé… Nossa, muito emocionante! Muitos abraços e carinho. Tudo com aquele sotaque MARAVILHOSO! Quero voltar!

O Estado RJ: Além de Uma Fada Veio Me Visitar, você tem vontade de escrever mais livros do gênero fantástico ou prefere crônicas do cotidiano?

Thalita Rebouças: Não considero Uma Fada Veio me Visitar como sendo do gênero fantástico. É apenas uma personagem fantástica que cai no mundo dos humanos. O livro é todo passado em Copacabana, onde vivem as personagens. Meus livros tratam de temas do cotidiano dos adolescentes, como a relação com os pais, o amor não correspondido, a melhor amiga, professores, sonhos. Creio que seja por isso que eles se identificam com o que leem. Escrevo para fazer com que eles reflitam através do humor. Realmente não tenho vontade de escrever sobre magia, mistério...

O Estado RJ: Você citou, no Conexão Jovem da Bienal, que já sugeriram escrever o “Fala Sério Vampiro”. Você tem vontade de escrever livros com vampiros, lobisomens ou bruxas? E o que você acha da atual febre dos vampiros no mercado literário?


Thalita Rebouças: Nenhuma vontade. Não tenho intimidade com o tema, nem muito interesse por ele, para falar a verdade. Mas é fato que esse gênero está criando novos leitores, e isso é ótimo! Quanto mais essa galerinha ler, melhor!

O Estado RJ: Para finalizar, que recado você daria para os adolescentes que estão começando a se interessar pela literatura agora?


Thalita Rebouças: Gente, ler é bacana!

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