Em Gramado, Fernando Meirelles e Maria Flor falam sobre 360
17/08 - 15h35
por Redação Cinema em Cena
Anthony Hopkins e Maria Flor em cena de 360. (foto: divulgação)
reportagem e fotos por Louise Duartede Gramado, especial para o Cinema em Cena
Abrindo o 40º Festival de Cinema de Gramado no último dia 10 de agosto, o filme 360, do diretor Fernando Meirelles (Cidade de Deus) foi bem recebido pelo público que assistiu ao longa no Palácio dos Festivais, embora tenha sofrido alguns problemas técnicos na projeção. No dia seguinte, o diretor, a atriz Maria Flor e a esposa de Meirelles, Ciça, responsável pela trilha sonora, estiveram presentes em uma coletiva de imprensa onde receberam jornalistas e críticos para falar sobre a produção que ainda conta com Jude Law, Anthony Hopkins, Ben Foster, Rachel Weiz, Juliano Cazarré, entre outros no elenco principal.
Um dos aspectos que fez o diretor topar fazer o filme foi o fato de que ele trabalharia com gente muito boa. “Precisei procurar por vários filmes russos para buscar atores russos para o filme,” revelou antes de contar detalhes de como recebeu o roteiro. “Peter Morgan e um amigo leram a peça La Ronde e resolveram adaptar para um filme que tivesse a sensação da vida dele [de Peter Morgan], muito aeroporto, muito quarto de hotel. Ele acabou criando uma história original e eu não mexi em praticamente nada. É mais um filme do Peter do que um filme meu. A única coisa que eu coloquei no roteiro foram as transições.”
Quando questionado sobre a fotografia, o diretor revelou algo surpreendente. A cor do filme durante a exibição de abertura em Gramado não era a cor verdadeira, mas um erro na projeção. “Eu levei um choque quando vi, porque tem magenta, não tem preto, não tem contraste. É uma fotografia limpa. Ficou diferente, mas não é assim. Não é o trabalho do Adriano Volt, que é o fotógrafo do filme. Ele é o brasileiro mais internacional que tem e ganhou melhor fotografia em Sundance. A ideia da fotografia era fazer uma fotografia bem limpa e que pudesse favorecer os atores.”
360 é um filme sobre relacionamentos e Meirelles falou como foi fazer um filme com tantas histórias: “A experiência de filmar foi a mais prazerosa que tive na minha vida. Foi como fazer nove filminhos diferentes. Tinha tensão, suspense, comédia, drama familiar. Foi muito prazeroso poder brincar de gêneros com o filme. Não faria de novo um filme com muitos personagens. É um pouco angustiante, porque eu queria mostrar cada um dos personagens e não tem tempo. Sofri por não ter tido tempo de mostrar cada história.”
Perguntada sobre como foi filmar com o ator americano Anthony Hopkins, Maria Flor começou dizendo: “Ele foi muito gentil.” Meireles, então, interrompeu a resposta da atriz para revelar que no dia que Flor conheceu Hopkins, assim que ele saiu depois da primeira reunião, ela começou a chorar. “Ele foi muito generoso comigo,” continuou a atriz depois de rir da interrupção do diretor. “Ele [Hopkins] falou que não ia fazer um personagem, mas que ia ser ele mesmo. Ele é alcoólatra, então a história do padre foi vivida por ele. Foi emocionante trabalhar com ele. Foi uma experiência muito importante na minha vida de atriz e eu amadureci muito depois que vivi isso. Me sinto mais preparada,” declarou emocionada.
A trilha sonora de 360 foi supervisionada por Ciça Meirelles, que contou como foi a escolha das músicas para o longa. “Desde Cidade de Deus que eu já faço uma pesquisa para o Fernando. Eu não sou compositora, mas tenho uma referência musical, e quando eu leio o roteiro do filme, vejo a cena, eu já coloco a música no personagem. As músicas têm cor para mim. Tudo tem uma direção. Foi muito confortável de fazer,” disse.
O diretor foi questionado sobre estar fazendo mais filmes fora do Brasil nos últimos anos. “Tenho feito por conta da praticidade, pois no Brasil você tem um tempo de captação e um risco muito grande do filme não ser vendido aqui,” explicou antes de falar mais um pouco sobre a história de 360. “O filme é um convite de cada personagem. Foi algo que gostei no roteiro e me chamou a atenção os personagens terem que decidir o que eles desejam. Todo [o filme] tem um momento em que eu tenho que fazer uma escolha, então eu contava a história até o ponto em que eles tinham que escolher.”
360 custou US$ 14 milhões, um orçamento considerado pequeno para uma produção internacional desse porte, e foi vendido para 48 países – além do Brasil, já estreou na França, Estados Unidos, Canadá, Irlanda, Alemanha, Reino Unido, Holanda, Bélgica, Turquia, México e Chile
Publicado originalmente no Cinema em Cena
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