Cao Hamburger e elenco revelam os bastidores de XINGU
09/04 - 11h10
por Redação Cinema em Cena
Reportagem por Louise Duarte, especial para o Cinema em Cena
Xingu, longa-metragem dirigido por Cao Hamburger (O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias) e protagonizado por Felipe Camargo, Caio Blat e João Miguel, entrou em cartaz no último fim de semana, com 197 cópias. O filme narra a saga dos irmãos Orlando, Leonardo e Cláudio Villas-Bôas, criadores do Parque Nacional do Xingu em 1961, a partir do livro A Marcha para o Oeste, escrito por dois dos irmãos, Orlando e Cláudio.
Em entrevista coletiva realizada no Rio de Janeiro, na semana passada, Hamburger contou que foi complicado fazer o filme em termos de logística. “A gente quis filmar nas locações mais parecidas onde a história aconteceu. A gente filmou no estado do Tocantins, a maior parte do filme, e filmamos uma semana dentro do parque do Xingu para fazer as cenas das aldeias e as cenas das ocas. A gente teve que se deslocar muito. Das dez semanas de filmagem, praticamente uma semana foi de deslocamento. Fizemos o ensaio em Palmas e depois fomos para o Jarapão. Só no primeiro deslocamento quatro veículos quebraram, então a gente já viu o que estava nos esperando.”
Hamburger contou como o roteiro chegou às suas mãos: “A história foi um presente que recebi do (produtor) Fernando Meirelles, que recebeu do filho do Orlando Villas-Bôas, que foi até ele. Quando o Fernando leu o material, achou incrível e me convidou para fazer. A princípio, eu estava receoso, porque a história estava sendo trazida pela família. A primeira descoberta foram os personagens. Depois, quando conheci a cultura do Xingu, o projeto foi. Fomos achando os parceiros certos na hora certa. O filme está sendo lançado agora, tem um sentido em resgatar a vida e a obra deles.”
No ano passado, o Parque Nacional do Xingu completou 50 anos. O diretor também lembrou como a interação com os índios ajudou na construção do filme. “O roteiro foi escrito em cima de conversas porque não tive muito registro escrito dessa história. A gente conversou com muita gente que trabalhou com os irmãos. Conversamos muito com os índios porque desde o começo eu queria tera o ponto de vista deles,” disse.
Hamburger explicou ainda que fez uma oficina com os atores indígenas, além dos preparadores de elenco que foram também para as locações. Blat, que interpreta o caçula da família, Leonardo, revelou qual foi a primeira coisa que o diretor pediu para eles fazerem. “Ele mandou a gente passar um fim de semana no Xingu para conhecer a obra e a história dos caras. Eu e o Felipe fomos sozinhos e foi um encontro muito forte. Passava metade do dia, a gente no universo deles, tentando entendê-los, e depois eles tentando entender a gente,” contou.
João Miguel, que interpreta Cláudio, complementou dizendo que esse laboratório foi fundamental, especialmente o primeiro final de semana, para eles aprenderem como os irmãos viveram. “Foi fundamental esse processo, tanto da busca dos personagens em sala de ensaio quanto o convívio com eles. A construção do Claudio foi feita durante as filmagens,” afirmou.
Camargo, que interpreta Orlando, disse o que aprendeu com os índios do Xingu: “Aprendemos a questão da ansiedade. O índio que vive lá no Xingu, ele não teme essa palavra, não faz parte do dicionário deles. Eles vivem o dia a dia, caçam, pescam, não têm ambição, não têm medo de perder as coisas, de serem assaltados. Eles têm honra, que é uma coisa que tá difícil de se encontrar por aí.”
Originalmente postado no Cinema em Cena.
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